Desde Março de 2020 as atividades escolares foram suspensas na maior parte do país por causa da pandemia do novo Corona vírus. Pais, estudantes, professores, comunidade escolar e toda a sociedade permaneceram em isolamento para evitar um agravamento do já alto índice de mortes causadas pelo vírus. Para contornar os prejuízos no processo de aprendizagem dos estudantes, a secretaria municipal orientou que ensino fosse ofertado de forma remota. No entanto, aulas online e internet de boa qualidade não é a realidade de todas as escolas brasileiras.
Se a educação já era um desafio no Brasil, com últimos dados que apontam que menos da metade dos estudantes do 3° ano do Ensino Fundamental alcançaram os níveis de proficiência suficientes em Leitura em tempos de pandemia esse quadro pode ficar ainda pior.
Temos tido reiteradamente desafios em proporcionar educação de qualidade às crianças, particularmente às das áreas rurais, que somam a maioria das crianças no município de Araguatins. Segundo Censo Escolar, realizado em 2018, são mais de 20 milhões de crianças matriculadas no que considero o ciclo de alfabetização: da pré-escola aos anos iniciais do ensino fundamental.
A atual pandemia veio acrescentar novos desafios, afastando as crianças das escolas e das alfabetizadoras na fase fundamental do processo de escolarização. Por um lado, foi interrompido o processo de alfabetização no início do período em que a interação alfabetizadora-criança é indispensável, pois a aprendizagem do sistema de escrita alfabética depende da compreensão bem orientada das relações oralidade-escrita. Por outro lado, o afastamento das crianças da escola interrompe um processo apenas iniciado de escolarização, em que a criança começa a se inserir na “cultura escolar”.
Fica claro que a ausência de ações profissionais de educação que conduzem à compreensão, pela criança, das relações entre oralidade e escrita são de difícil realização fora do contexto escolar, em aulas não-presenciais. Significa que a educação não pode dissociar-se da convivência da criança com os usos sociais da escrita, em diferentes gêneros e diferentes portadores de texto.
O que grande parte das escolas tem feito, no esforço de diminuir os prejuízos dessa interrupção repentina e não prevista das atividades escolares mal iniciado no ano letivo, é persistir em dar continuidade, de alguma forma, dentro das possibilidades e recursos disponíveis na rede pública de ensino, ao ensino interrompido, por meio de um ensino a distância, solicitando para isso a colaboração das famílias.
A interação entre criança e alfabetizador é essencial nessa orientação, e a presença do alfabetizador muito dificilmente pode ser substituída por um adulto não formado para essa ação educativa. Neste contexto de pandemia, que nos obrigou a separar as crianças de seus professores e a descaracterizar o locus da aprendizagem – não mais a escola, mas o lar – o professor tem de se esforçar para se manter presente por meio de um ensino a distância que possa dar alguma continuidade à aprendizagem a partir de onde o processo foi interrompido, sempre levando em consideração que a criança está em ambiente totalmente diferente do ambiente escolar, e frequentemente inadequado para a realização de atividades escolares.
Cresce ainda a responsabilidade do professor de não só orientar à distância a criança, mas também orientar a família, para dar a ela condições que deem apoio à criança neste contexto excepcional que estamos vivendo. Os pais estão se descobrindo em um novo papel, para o qual não foram preparados. Daí a importância de os professores orientarem também os pais para apoiar a criança na aprendizagem a distância.
Um efeito muito positivo que o ensino a distância pode ter, seria uma maior aproximação entre escolas e famílias: os pais compreendem melhor o processo de aprendizagem de seus filhos; embora sem formação para isso, entendem com mais clareza qual é a função do professor e da escola; talvez desenvolvam o hábito de acompanhar mais de perto o desenvolvimento de seu filho. Ao mesmo tempo, certamente passam a valorizar mais a escola e os professores. A pandemia, obrigando ao ensino a distância, tem incentivado o uso de recursos tecnológicos quando disponíveis, e tem estimulado professores a criar atividades que podem não só substituir sua interação direta com os alunos, mas também enriquecer, quando voltarmos ao “normal”, o ensino a distância terá promovido, de alguma forma, o desenvolvimento profissional dos professores.
Em regiões onde a tecnologia não se mostra tão acessível e estável, como assentamentos, escolas rurais, comunidades quilombolas e escolas de famílias agrícolas (EFAs), a alternativa que os professores encontraram foram o uso dos apostilados. Neste caso coube a equipe pedagógicaescolar levar pessoalmente até a casa do aluno ou deixar em algum lugar onde a família possa buscar.Todos engajados em desenvolver posturas educativas de oralidade e autonomia; condutas interpessoais e sociais, aprimorando os saberes intelectuais, motor, linguísticos, perceptivos, literários e artísticos das crianças com intencionalidade pedagógica como está preconizada nas diretrizes e BNCC Base Nacional Comum Curricular.
Monitoramento
Para garantir a maior eficiência no trabalho de acompanhamento do regime de aulas não presenciais, a Secretaria Municipal de Educação desenvolveu um sistema de monitoramento, que compõem a linha de frente os servidores: orientador educacional, supervisor escolar, coordenador pedagógico e professores da educação no processo de BUSCA ATIVA escolar na campanha “FORA DA ESCOLA NÃO PODE” tema do selo UNICEF feito adesão pelo município de Araguatins.
São esses profissionais da educação os responsáveis por visitar as famílias dos alunos matriculados faltosos, distantes e não localizados das 22 unidades escolares; manter contato direto com gestores e professores acerca dos conteúdos que estão sendo repassados e trabalhados com os alunos. Após o levantamento, essas informações são repassadas mensalmente à Secretaria Municipal de Educação.
Essa equipe de profissionais é responsável por registrar e informar quantos alunos cada unidade escolar está conseguindo atender, de que forma isso está acontecendo, quais são as turmas que estão apresentando maior dificuldade e em que conteúdo. No mês de agosto de 2021, foram atendidos em nosso município num total de 3.412 discentes atendidos no processo de aulas remotas e, os demais128 alunos não atendidosporém foram localizados pelas equipes de busca ativa escolar nas suas instituições de ensino da rede municipal. Esse trabalho representa números significativos para o avanço da educação na rede.
Evolução
O monitoramento mensal é importante para identificar todas as lacunas de aprendizagem por ano, turma e unidade escolar de forma que a SEMED junto as U.E possa criar estratégias e projetos de correção dos níveis de aprendizagem e da distorçãoano/série quando as aulas presenciais forem retomadas em 2022.
A Semed reconhece que tem sido feito um trabalho cuidadoso no sentido de alcançar e manter o vínculo com os alunos da rede. Foi estabelecida uma logística bem estruturada para que o material pedagógico disponívelpudesse chegar aos alunos e a oferta do ensino à eles garantida. No interior, contamos, inclusive, com o apoio dos ônibus escolares e até mesmo veículos particulares, quando necessário, para levar as atividades até a casa dos estudantes também os professores tem realizado plantões pedagógicos por agendamento para atender os discentes na escola e in locus.
As aulas não presenciais contemplam hoje um alcance de (95.1%dos discentes matriculados na rede municipal de ensino).
SEGUE A PLANILHA COM OS DADOS DO ATENDIMENTO REMOTO DAS ESCOLAS MUNICIPAIS DURANTE O MÊS DE AGOSTO
